quinta-feira, 5 de outubro de 2017

A Tribulação de Sete Anos


Thomas Ice

Ele fará firme aliança com muitos, por uma semana; na metade da semana, fará cessar o sacrifício e a oferta de manjares; sobre a asa das abominações virá o assolador, até que a destruição, que está determinada, se derrame sobre ele” (Daniel 9.27).
Críticos da interpretação literal da profecia bíblica têm frequentemente questionado a legitimidade bíblica de um termo que usamos: “Tribulação”. A verdade de que haverá um tempo mundial de tribulação que durará por sete anos é derivada principalmente dos livros bíblicos de Daniel e do Apocalipse; todavia, essa verdade é usada muitas vezes em outras passagens. Espero demonstrar neste artigo o fato de que a Bíblia afirma, sim, que haverá um período de sete anos conhecido como Tribulação, o qual acontecerá no futuro relativamente aos dias presentes.

A Tribulação em Deuteronômio

Quando a nação de Israel acampou às margens do rio Jordão, antes de colocar um pé sequer na Terra Prometida, o Senhor deu-lhe um resumo de toda a história da nação por meio de Seu porta-voz, Moisés.
Deuteronômio é essa revelação, e é como um mapa indicando para onde a história está se encaminhando antes que se empreenda a viagem. A revelação de um evento denominado a Tribulação é incluída por Deus como parte do itinerário original. Embora diferentes segmentos da jornada histórica tenham sido atualizados com maiores detalhes, sendo acrescentados ao longo do caminho, jamais foi feito um único ajuste ao curso original. Parte dessa jornada inclui a Tribulação.
No processo da exortação de Moisés à nação de Israel, ele apresenta, em Deuteronômio 4.25-31, um resumo daquilo que aconteceria à nação eleita depois que cruzasse o rio Jordão e se estabelecesse na terra. Essa passagem inclui o fato de que a nação seria espalhada por todo o mundo, mas que um dia se reuniria novamente. Deuteronômio 4.29-30 diz:
De lá, buscarás ao Senhor, teu Deus, e o acharás, quando o buscares de todo o teu coração e de toda a tua alma. Quando estiveres em angústia, e todas estas coisas te sobrevierem nos últimos dias, e te voltares para o Senhor, teu Deus, e lhe atenderes a voz”.
Assim, vemos que já em Deuteronômio, logo no início, Deus delineia um plano futuro para Israel, que inclui um período comumente chamado “a Tribulação”.

A Tribulação nos Profetas

Edificando sobre a introdução de Moisés à “Tribulação” em Deuteronômio 4.30, os Profetas usam esse termo em referência pelo menos quatro vezes em três passagens. Tomando esses textos cronologicamente, a primeira passagem que examinaremos está em Jeremias 30.7, e é o tão conhecido “Dia da Angústia de Jacó”:
Palavra que do Senhor veio a Jeremias, dizendo: Assim fala o Senhor, Deus de Israel: Escreve num livro todas as palavras que eu disse. Porque eis que vêm dias, diz oSenhor, em que mudarei a sorte do meu povo de Israel e de Judá, diz o Senhor; fá-los-ei voltar para a terra que dei a seus pais, e a possuirão. São estas as palavras que disse oSenhor acerca de Israel e de Judá: Assim diz o Senhor: Ouvimos uma voz de tremor e de temor e não de paz. Perguntai, pois, e vede se, acaso, um homem tem dores de parto. Por que vejo, pois, a cada homem com as mãos na cintura, como a que está dando à luz? E por que se tornaram pálidos todos os rostos? Ah! Que grande é aquele dia, e não há outro semelhante! É tempo de angústia para Jacó; ele, porém, será livre dela. Naquele dia, diz o Senhor dos Exércitos, eu quebrarei o seu jugo de sobre o teu pescoço e quebrarei os teus canzis; e nunca mais estrangeiros farão escravo este povo, que servirá ao Senhor, seu Deus, como também a Davi, seu rei, que lhe levantarei. Não temas, pois, servo meu, Jacó, diz o Senhor, nem te espantes, ó Israel; pois eis que te livrarei das terras de longe e à tua descendência, da terra do exílio; Jacó voltará e ficará tranquilo e em sossego; e não haverá quem o atemorize. Porque eu sou contigo, diz o Senhor, para salvar-te; por isso, darei cabo de todas as nações entre as quais te espalhei; de ti, porém, não darei cabo, mas castigar-te-ei em justa medida e de todo não te inocentarei” (Jr 30.1-11).
Considere as seguintes observações encontradas em Jeremias 30.1-11 sobre o “Dia da Angústia de Jacó”:
  • Será um tempo de sorte restaurada para Israel e para Judá (Jr 30.3).
  • Será um tempo no qual Israel e Judá serão trazidos de volta para sua terra a fim de tomarem posse dela (Jr 30.3).
  • Será um tempo de dores para Jacó (isto é, o Israel nacional) das quais ele terá libertação (Jr 30.7).
  • Será um tempo único na história (Jr 30.8).
  • Será um tempo no qual a escravidão do Israel nacional terminará (Jr 30.8).
  • Isso levará a um tempo em que Israel servirá ao Senhor e a Davi, seu rei (Jr 30.9).
  • Isso levará a um tempo em que Israel será reunido desde longe e habitará na terra em tranquilidade e sossego, sem que ninguém lhe inspire medo (Jr 30.10).
  • Será um tempo em que serão destruídas as nações por onde Israel foi espalhado (Jr 30.11).
  • Será um tempo no qual Deus punirá Jacó justamente e destruirá parte dele (Jr 30.11).
Esta passagem não fala de nenhum tempo passado de juízo sobre Israel, mas se encaixa no padrão profético de um tempo futuro no qual Israel retornará de outras nações para sua própria terra, passará pelos testes da Tribulação, mas será resgatado daquele tempo à medida que o Senhor julgar as nações. Esse tempo, então, leva ao tempo de obediência e bênção nacional de Israel. Esta é a Tribulação e ela ainda está no futuro.
Daniel 12.1-2 nos apresenta uma outra passagem importante sobre a Tribulação.
Nesse tempo, se levantará Miguel, o grande príncipe, o defensor dos filhos do teu povo, e haverá tempo de angústia, qual nunca houve, desde que houve nação até àquele tempo; mas, naquele tempo, será salvo o teu povo, todo aquele que for achado inscrito no livro. Muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para a vida eterna, e outros para vergonha e horror eterno”.
Esta passagem sobre a Tribulação inclui os seguintes elementos:
  • Nesse tempo” se refere à seção anterior (Daniel 11.36-45), que é descritiva das muitas atividades do Anticristo durante a Tribulação (Dn 12.1).
  • Será um tempo em que o arcanjo Miguel “se levantará”, indicando que ele defenderá Israel contra seus inimigos (Dn 12.1).
  • Será um tempo de angústia como jamais ocorreu na história nacional até aquele ponto (Dn 12.1). Essa passagem é citada por Jesus em Mateus 24.21.
  • Será um tempo em que todos os israelitas eleitos serão resgatados (Dn 12.1).
  • Será um tempo seguido pela ressurreição dos israelitas salvos e dos não-salvos (Dn 12.2).
  • Novamente, temos a figura do Israel nacional durante o tempo da maior angústia imposta por seus inimigos em toda a história; mas Deus, através de uma intervenção angelical, resgatará Sua nação eleita (veja Mateus 24.31). Isto se encaixa no padrão de uma tribulação futura, mas não se correlaciona com o juízo sobre Israel que ocorreu no ano 70 d.C., como alguns críticos afirmam.
    A passagem final do Antigo Testamento sob consideração é Sofonias 1.14-18. Este texto junta praticamente todos os termos em uma passagem usada para descrever e designar a Tribulação encontrada na Bíblia. Mais da metade dos termos sobre a Tribulação no Antigo Testamento são encontrados nesta passagem.
  • Está perto o grande Dia do Senhor; está perto e muito se apressa. Atenção! O Dia doSenhor é amargo, e nele clama até o homem poderoso. Aquele dia é dia de indignação, dia de angústia e dia de alvoroço e desolação, dia de escuridade e negrume, dia de nuvens e densas trevas, dia de trombeta e de rebate contra as cidades fortes e contra as torres altas. Trarei angústia sobre os homens, e eles andarão como cegos, porque pecaram contra o Senhor; e o sangue deles se derramará como pó, e a sua carne será atirada como esterco. Nem a sua prata nem o seu ouro os poderão livrar no dia da indignação do Senhor, mas, pelo fogo do seu zelo, a terra será consumida, porque, certamente, fará destruição total e repentina de todos os moradores da terra”.
    É interessante que a ênfase dessa passagem está no juízo do Senhor sobre as nações quando “a terra será consumida e (...) todos os moradores da terra” (Sf 1.18).
    Esta passagem afirma que, durante a Tribulação, o Senhor julgará as nações.

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